Porcelana Companhia das Índias
A verdadeira porcelana, produto cerâmico de massa muito fina, vitifricado, translúcido, comumente recoberto de esmalte incolor e transparente, branco ou com as mais variadas pinturas e desenhos, é originária da China. Surgiu entre os anos 618 / 900 d.C., durante a Dinastia Tang. Foi a descoberta do caulim pelos chineses, que permitiu a criação de peças alvas e transparentes. Durante muitos séculos eles esconderam o segredo dessa arte, pois só no século XVII os japoneses, que através dos coreanos tomaram conhecimento desse segredo, passaram a fabricar objetos em porcelana.
Travessa octogonal do séc. XVIII com centro ovalado, figuras orientais. Peça da Snob Antiguidades |
"Companhia das Índias" é a denominação recebida pela antiga porcelana chinesa, considerada uma preciosidade, fabricada no Sul da China, comercializada e transportada do Oriente para o Ocidente através de empresas de navegação (Companhias de Comércio) denominadas Cia. das Índias Orientais ou Ocidentais (Veja box). A porcelana só recebeu essa denominação no final do século XVI.
Entretanto, os portugueses já levavam porcelanas da China desde 1481, quando uma expedição comandada por Bartolomeu Dias chegou ao Oriente depois de dobrar o Cabo da Boa Esperança. A primeira peça de porcelana chinesa que chegou ao Ocidente foi um gomil que se supõe ter sido presenteado ao Rei de Portugal, D. Manuel. Foram mesmo os portugueses que iniciaram o comércio de porcelana, quando no início do século XVI venderam com facilidade, em Portugal, todas as peças trazidas da China. Em 1515 os portugueses se instalaram em Macau, onde a porcelana azul, tão conhecida, era fabricada. Os ingleses, supondo que poderiam fazer grandes negócios com porcelana, instalaram-se na China em 1699. Em seguida os franceses, logo seguidos pelos holandeses, deslocaram-se para a China.
Entretanto, os portugueses já levavam porcelanas da China desde 1481, quando uma expedição comandada por Bartolomeu Dias chegou ao Oriente depois de dobrar o Cabo da Boa Esperança. A primeira peça de porcelana chinesa que chegou ao Ocidente foi um gomil que se supõe ter sido presenteado ao Rei de Portugal, D. Manuel. Foram mesmo os portugueses que iniciaram o comércio de porcelana, quando no início do século XVI venderam com facilidade, em Portugal, todas as peças trazidas da China. Em 1515 os portugueses se instalaram em Macau, onde a porcelana azul, tão conhecida, era fabricada. Os ingleses, supondo que poderiam fazer grandes negócios com porcelana, instalaram-se na China em 1699. Em seguida os franceses, logo seguidos pelos holandeses, deslocaram-se para a China.
Família Verde, período Kangxi (1662-1772), travessa octogonal com borda policromada com flores e folhas. Col. particular-RJ |
A influência européia na arte chinesa da porcelana era dada pelos agentes comerciais das Companhias, que levavam modelos, fôrmas, brasões e iniciais do Ocidente, sendo que as encomendas em letras ocidentais nem sempre eram reproduzidas com muita fidelidade. E mesmo os brasões e monogramas tinham colorido diverso dos originais. Mas os temas utilizados na decoração da antiga porcelana chinesa foram variados: flores de pessegueiros, cerejeira e ameixeira, galhos de salgueiros, lagos, garças e cisnes, carpas, cenas de guerra, agressivos cães de Fô, animais nascido do imaginário, conquistas amorosas, deuses e crianças brincando.
Sendo a decoração chinesa representada por símbolos, tradições e mensagens, nem sempre compreensíveis aos ocidentais, os agentes comerciais levavam modelos e tipos variados de decorações, até que os artesões chineses conseguiram adaptar com maestria. Daí encontrarmos, em nossos dias, sopeiras magníficas, grandes travessas, molheiras, legumeiras e corvilhetes, com decorações e formas ocidentais, feitos da mais pura pasta chinesa.
Sendo a decoração chinesa representada por símbolos, tradições e mensagens, nem sempre compreensíveis aos ocidentais, os agentes comerciais levavam modelos e tipos variados de decorações, até que os artesões chineses conseguiram adaptar com maestria. Daí encontrarmos, em nossos dias, sopeiras magníficas, grandes travessas, molheiras, legumeiras e corvilhetes, com decorações e formas ocidentais, feitos da mais pura pasta chinesa.
Prato mostrando cena palaciana, com figuras femininas e borda decorada, parte de um raro serviço para 47 pessoas. Acervo Scherer Antiques |
Os portugueses, que iniciaram esse tipo de comércio, em 1515, bem instalados em Macau, onde era fabricada a porcelana azul e branca, também conhecida como "borrão" e que influenciaria o estilo português nesta arte, tentaram sem sucesso manter o monopólio. Em 1600 a Inglaterra passou a competir de igual para igual com os portugueses, assumindo depois a liderança desse comércio, que faria por longos 250 anos. Depois chegaram a Holanda e os franceses com as suas Companhias. As mais legítimas companhias do gênero, segundo historiadores, são as inglesas, destacando-se a China Trade Porcelain e Chinese Export Porcelain.
Cia. das Índias no Brasil
Terrina com “présentoir”. Porcelana Companhia das Índias. Família Rosa, variação do padrão Folha de Tabaco, 38 cm Peça de Rudinel Antiguidades |
Bem antes disso foi encomendado o serviço do Reino Unido, que foi usado na Corte e apresenta o brasão do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Nos pratos, esse brasão aparece no centro envolvido por uma série de caracteres chineses. As cores são o vermelho, que traduz a alegria e felicidade, e o dourado, que representa o rio Yang-tsê-Kiang, o maior da China.
O serviço do Príncipe Regente, que foi encomendado quando D. João assumiu a regência do Reino, apresenta-se no estilo Luiz XVI, com seus característicos festões, laçadas rosas e grinaldas, entre medalhões com a efígie de D. João VI, Príncipe Regente e D. Carlota Joaquina, Princesa do Brasil. Medalhões com archotes e trombetas entrelaçados também fazem parte da decoração.
O serviço dos galos é considerado o mais valioso por causa da qualidade de sua porcelana, comparável aos melhores que a China já produziu. Pertence à família rosa, com folhas e flores montadas sobre ramos de bambu, que fazem a cercadura do prato. Cogumelos, borboletas e peônias e dois galos fazem a decoração central desse serviço. Com oito facetas, cada uma delas lembra um imortal da China.
Conhecida como serviço dos pavões, essa louça é considerada a mais comum dos serviços da Companhia das Índias, tendo sido usada no Paço de São Cristóvão. Do tipo exportação e de gosto francês, misto de família rosa e verde, tem como motivo central um casal de pavões sobre um rochedo e uma peônia, planta com flores rosadas ou brancas.
O serviço dos pastores é muito curioso por causa da influência ocidental na decoração. Apresenta um pastor em trajes ocidentais, cercado por dois carneiros. Pertencia à antiga Fazenda Imperial de Santa Cruz. Também proveniente da mesma fazenda é o serviço das corças, que possui as bordas em verde com oito dragões representando os oito imortais. O motivo central da decoração é Si-Wang-Um no bosque, junto ao lendário Lago das Gemas, tendo uma corsa ao lado, e sobre ela um potiche simbolizando o budismo. Sendo um dos maiores aparelhos, nele encontramos vasos, ânforas e peças de ornamentação. Outro serviço que também pertenceu à Fazenda Imperial de Santa Cruz foi o serviço vista grande. Ele é todo em sépia e possui alguns frisos em ouro e algumas rosas. É o único que apresenta figuras geométricas. Numa grande travessa existe uma paisagem com características ocidentais.
O serviço das rosas possui uma característica rara nas porcelanas Cia. das Índias: no verso de alguns pratos há uma inscrição em caracteres chineses que diz "feito com sabedoria por Kong-Wei-Dim". Esse serviço tem uma rica cercadura onde o ouro guarnece rosas de vivo colorido e sobre um fundo rouge-de-fer dá um imenso destaque à borda e no centro um pequeno ramo rosa e ouro completa a decoração.
Outro serviço dessa preciosa porcelana chinesa é o chamado vista pequena. Ele vem guarnecido de um filete azul, onde estrelas estão arrumadas simetricamente e no centro uma reserva redonda com uma paisagem ocidental é cercada de uma elipse, onde sete estrelas guarnecem cada lado.
Estes foram os serviços da Companhia das Índias de uso real. A eles pode-se acrescentar o serviço do Conde da Ribeira Grande. Essa louça ostenta ao centro o brasão de armas do titular, com uma cercadura de folhas, flores e borboletas. Outros serviços de porcelanas das Índias foram adquiridos por nobres e famílias abastadas no Brasil, a exemplo dos nobres e da burguesia rica na Europa da época, pois dava o maior status possuir aparelhos de jantar e de chá. Outros serviços e peças da Companhia das Índias foram trazidos por colecionadores e em contrapartida muitas peças foram levadas do Brasil.
O serviço das rosas possui uma característica rara nas porcelanas Cia. das Índias: no verso de alguns pratos há uma inscrição em caracteres chineses que diz "feito com sabedoria por Kong-Wei-Dim". Esse serviço tem uma rica cercadura onde o ouro guarnece rosas de vivo colorido e sobre um fundo rouge-de-fer dá um imenso destaque à borda e no centro um pequeno ramo rosa e ouro completa a decoração.
Outro serviço dessa preciosa porcelana chinesa é o chamado vista pequena. Ele vem guarnecido de um filete azul, onde estrelas estão arrumadas simetricamente e no centro uma reserva redonda com uma paisagem ocidental é cercada de uma elipse, onde sete estrelas guarnecem cada lado.
Estes foram os serviços da Companhia das Índias de uso real. A eles pode-se acrescentar o serviço do Conde da Ribeira Grande. Essa louça ostenta ao centro o brasão de armas do titular, com uma cercadura de folhas, flores e borboletas. Outros serviços de porcelanas das Índias foram adquiridos por nobres e famílias abastadas no Brasil, a exemplo dos nobres e da burguesia rica na Europa da época, pois dava o maior status possuir aparelhos de jantar e de chá. Outros serviços e peças da Companhia das Índias foram trazidos por colecionadores e em contrapartida muitas peças foram levadas do Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu recado!